Projeto
Interatividades Digitais na Educação do Campo: Diálogos escolares entre adolescentes no desenvolvimento-uso de jogos sustentáveis
2019-2020
Na realidade brasileira, como em outros contextos latino americanos, os adolescentes do campo vivenciam algumas dificuldades ao longo da educação formal, como a ausência de contextualização dos conteúdos curriculares para territórios rurais. A educação do campo procura minimizar esses problemas a partir de diretrizes específicas que favorecem a mediação social, mas no geral, os materiais didáticos, como tecnologias digitais, ainda são desenvolvidos em grandes centros urbanos.
Considerando-se que o desenvolvimento de ações críticas, pensamento computacional e uso de tecnologias digitais são necessidades nos contextos contemporâneos, o presente projeto de pesquisa estabelece dois eixos de articulação integrados à adolescência em territórios rurais: desenvolvimento e uso de tecnologias digitais; aprendizagem com produção de sentidos para a realidade campesina. Com base em uma abordagem histórico cultural em psicologia, organiza-se a pesquisa participante, com aplicação da metodologia DEMULTS (Desenvolvimento Educacional de Multimídias Sustentáveis) em duas escolas da zona rural de Vicência-PE, orientadas pela educação do campo.
A proposta objetiva compreender aspectos do processo de desenvolvimento de jogos digitais com a participação de educandos do ensino fundamental II, de duas escolas do município em foco, que favorecem a aprendizagem de conceitos para sustentabilidade e transformação social. Especificamente, pretende verificar as relações dialógicas evidenciadas entre o momento do desenvolvimento e o momento do uso dos artefatos digitais produzidos pelos educandos. Serão detalhados os aspectos cognitivos e sócio-afetivos que permitem aos sujeitos participantes do projeto, o desenvolvimento de jogos digitais educacionais e as implicações dessa participação sobre a aprendizagem escolar. Utiliza-se instrumentos da etnografia para construção dos dados, como entrevistas estruturadas e semi estruturadas, diários de campo, videografia e capturas de registros diversos (escritos e imagéticos produzidos pelos participantes em meios impressos e digitais).
Para a análise interacional, os campos semióticos (fala, gesto, registros e artefatos) são considerados em suas configurações contextuais e integrados de modo dinâmico ao longo do processo. A proposta contribui para uma possível prática social com o uso de tecnologias nas escolas do campo, acrescentando às pesquisas anteriores do DEMULTS um modelo para o nível do ensino fundamental, que se estabelece como uma rede dialógica entre as escolas participantes, que possa ser reaplicado em um âmbito maior, integrado às políticas de educação do campo locais.
Integrantes:
Flávia Mendes de Andrade e Peres (Coordenadora) - Dyego Carlos Sales de Morais - Taciana Pontual da Rocha Falcão - Rozelma Soares de França - Niceia Andrade da Silva - Fernando Rodrigues de Lima Júnior – Shany Lira de Queiroz – Bruno Santana de Oliveira – Lídia Borges Vidigal